quinta-feira, 22 de julho de 2010

BALANÇO DO MTL PARÁ SOBRE O CONCLAT

                                         (mesa de abertura Foto: Siqueira do MTL-PA)
A conjuntura de guerras neo-coloniais, crise estrutural político-ideoló gica, ético-financeira, sócio-ambiental impostas pelas potencias capitalistas e conglomerados multinacionais aos trabalhadores e trabalhadoras de todo o mundo, exige de nossas organizações e direções uma postura combativa, que construa a mai franca, fraterna, e internacionalista unidade operária-camponesa- popular.


Experimentamos na América Latina na década de 80 um pequeno assenso, na contramão do dissenso europeu, que no Brasil culminou com a fundação da CUT, MST e PT.

(delegação internacional, saldação de Mártáles do SIRIZA grego. Foto: Siqueira do MTL-PA)

Passados quase três décadas desse período, a vitoria da coalizão de classes lideradas pelo PT desde 2002, arrastou para o fosso do fatalismo-conformis ta grande parcela das direções e experiências mais avançadas que construímos até então, a exemplo da CUT.

Essa caracterização nos impele a superação de nossas divergências táticas no sentido da reafirmação de nossa estratégia revolucionaria, a construção da sociedade sem classes, livre de explorações e da opressão do homem pelo homem.

A convocação do Congresso Nacional da Classe Trabalhadora – CONCLAT (5 e 6 de junho, em Santos-SP), pelas organizações Movimento ao Socialismo, Pastoral Operária metropolitana de SP, Movimento Terra Trabalho e Liberdade, Movimento dos Trabalhadores sem Teto, Intersindical e Conlutas, com a participação de quase 3 mil delegados representando uma base social de mais de 3 milhões de trabalhadores e trabalhadoras de todo território nacional, do campo e da cidade, teve a pretensão de unificar as principais experiências de resistência socialista em nosso país.


(grupos de trabalho. Foto: Siqueira do MTL-PA)

Nesse contexto, as divergências apresentadas nas teses quanto à concepção, estrutura de direção, metodologia de deliberação e até mesmo do nome da Central, deixaram explicitas as fragilidades dessa unidade e a necessidade das forças hegemônica do CONCLAT (Conlutas e Intersindical) , terem profunda maturidade, sensibilidade e competência para garantir o respeito às posições\organizações minoritárias e o exercício pleno da democracia operário-camponesa- popular, para construir uma ferramenta política de novo tipo, com capilaridade social e enraizamento de massas, capaz de responder político-programá tico e organizativamente ao momento histórico presente, preparando nossa classe para os enfrentamentos futuros.

Infelizmente, a despeito do gigantesco esforço militante de milhares de delegados e delegadas socialistas (alem da importantíssima participação de mais de dez delegações estrangeiras da Ásia, America do Norte, Central, Latina, Caribe e Europa), presenciamos a mais aguda e frustrante ausência de unidade, sensibilidade e competência das direções da Intersindical (hegemonizada pela APS) e Conlutas (hegemonizada pelo PSTU), que a todo instante se digladiavam com acusações, denuncismos e disputas de posições.


(plenária do MTL. Foto: Siqueira do MTL-PA)

A incapacidade destas organizações em respeitar as minorias no interior da Nova Central, inclusive na direção, através de uma metodologia- concepção transparentes e verdadeiramente democrática, expressou-se desde a primeira mesa até os grupos de trabalhos (dominados por Conlutas e Inter), e, terminando com o abandono de quase a metade da plenária antes da composição da direção da entidade.

Cabe ressaltar, para nós do Movimento Terra Trabalho e Liberdade, que pouco importa quem tem mais culpa pelo desfecho beligenrante do CONCLAT, se Inter ou Conlutas, sabemos que as responsabilidades são proporcionais, também, ao peso político de cada organização, mas principalmente, com o compromisso revolucionário de cada dirigente e organização.

Enquanto força secundária (do ponto de vista numérico), o MTL não pretendeu no CONCLAT demonstrar grandiloqüência quantitativa, o que facilmente faríamos se quiséssemos incluir uns 1000 observadores, como fizeram algumas forças, e também, por nosso tamanho, não poderíamos garantir nossas concepções (diferente de Conlutas e Inter, em menor grau), mas sim, grandiosidade dirigente, o que fizemos com rigor revolucionário, fugindo das estreitas trocas de culpa pelo fracasso da frente de esquerda, pautando a necessidade das candidaturas do PSTU, PSOL e PCB pararem de se debater pela propriedade da “verdade socialista”, e começar a combater frontalmente as candidaturas farsantes de Dilma, Serra e Marina.


(Janira Rocha do MTL e Direção Nacional da Central Sindical e Popular. Foto: Siqueira do MTL-PA)

Quanto a nossa concepção estratégica de juventude, defendemos a realização de um Encontro Nacional de Juventude da Classe Trabalhadora para o 1º semestre de 2011, convocado e financiado pela Nova Central, que represente verdadeiramente a juventude favelada, campesina, afro descendente, ribeirinha, indígena, (ex)presidiária, GLBTTS, empregada, desempregada e estudantil, que dê condições à Nova Central de responder às demandas de toda juventude, mesmo assim, dialogamos com a Conlutas, demonstrando nossa vocação dirigente, mas não é tudo, fomos igualmente tratorados, atropelados pela vaidade hegemonista e aparelhista de Conlutas e Intersindical.

Somos movimentos social e preservamos nossa autonomia político-organizativ a frente aos patrões e aos partidos, inclusive PSOL, PSTU e PCB,vimos cumprindo um destacado papel de construir a unidade das organizações convocantes, de estreitar as convergências e dirimir as divergências, esse foi nosso papel, essa é nossa vocação, e esta diferenciação é fundamental para entender que não nos alinhamos adesistamente a posições “A” ou “B”, como alguns insistem em dizer.


                                          (fotos da plenária. Foto: Siqueira do MTL-PA)

Temos o compromisso com a verdade e não nos cabe aqui apenas criticar os demais e elogiar a nos mesmos, por isso, enquanto entidade convocante, devemos auto-criticarnos quanto aos elevados custos do centro de convenção que sediou o CONCLAT, tendo sido motivo objetivo dos altos custos das inscrições e conseqüente redução de representatividade real, sobretudo para nos movimentos camponeses e populares, mesmo assim, nesses custos, faltou alimentação e todos sabemos que essa experiência não precisa se repetir.

Nossa experiência organiza a luta nos sindicatos urbanos, rurais, colônias de pescadores, mas também associação de moradores, ocupações de sem-teto e sem-terra, não somos um coletivo de intelectuais iluminados, não há espaço em nossas fileiras para burocratas-sindicai s-de-carreira ou tecnocratas- de-gabinete.

Nosso programa é classista e revolucionário, por isso nossa vocação para as massas não é apenas um discurso inflamado, ou manifestos panfletários. Afirmamos isso, para que organizações e dirigentes da “intelectualidade vanguardista” tenham mais respeito pelas milhares de famílias organizados sob a bandeira do MTL.

A Nova Central tem uma direção provisória eleita por unanimidade pela maioria dos delegados legitimamente eleitos para o CONCLAT (que não abandonaram o Congresso antes de seu desfecho),


(eleição da direção nacional provisória da Central Sindical e Popular. Foto: Siqueira do MTL-PA)

Reivindicamos a reconstrução imediata do dialogo de todas as organizações convocantes no sentido da repactuação e consolidação da Nova Central Sindical e Popular, para que esta seja de fato uma ferramenta de novo tipo, com praticas e concepções de novo tipo.

Não há espaço para mais vaidades e arrogâncias. Nossa classe está descalça na chuva, sejamos coerentes camaradas!


Belém, 18 de junho de 2010.


DIREÇÃO ESTADUAL DO MTL-PA


mtlpara@ gamail.com
terratrabalhoeliberdade.blogspot.com

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