Especial para os camaradas Maykom e Valdir, cujos corações revolucionários merecem outros caminhos.
¿ACÚMULO PROLONGADO DE FORÇAS OU DEGENERAÇÃO ANUNCIADA?
A concepção de mundo enraizada no discurso de que a disputa nos marcos legais do Estado-etnocida-burguês, por estruturas institucionais (mandatos eletivos), tem o potencial de mudar a vida do povo, levar a um ascenso de massas e a revolução socialista, muito em voga no atual cenário eleitoral latino-americano, ou é cínica, degenerada e protistuída e, portanto, precisa ser derrotada, ou, se é sincera, esconde do povo um fato irrefutável, de que a luta de classes enquanto arena maior da história, não prescindirá das guerras e o uso da violência revolucionária, seja através de ocupações, expropriações ou mesmo atos de guerrilha. Sob pena de sermos exterminados pelas forças do capital, o que assistimos cotidianamente tantos no centro da luta de classes, como nas favelas e savanas de além amar.

A construção de uma tática recuada (política e programaticamente), entre as organizações revolucionárias, em qualquer contexto histórico, só se justificaria quando o “passo à trás” contribuísse decisivamente para acumularmos forças, para amadurecermos experiências, para darmos um salto político-programático e organizativo qualitativo, no sentido de nossa estratégia. A construção de uma sociedade sem classes (e conseqüentemente sem Estado), livre da exploração e da opressão dos seres humanos uns pelos outros.
A ilusão de que os mandatos e a institucionalidade podem mudar radicalmente a vida do povo, generalizada no senso comum, mas também reproduzida com intensidade nos meios mais respeitados da “esquerda revolucionaria” latinoamericana e brasileira não é um fenômeno recente, sendo um divisor de águas entre dois caminhos bastante conhecidos.
O exemplo recorrente que invoca Allende, Chaves, Evo e outros, por aqueles que dizem que amam o povo, mas não lutam (não matam e morrem) em suas reais trincheiras, geralmente, não vêm acompanhados de uma análise séria quanto à complexa rede de movimentos sociais (clandestinos e institucionalizados), centrais obreras, sistemas de comunicação popular, etc, etc, inerentes a tais exemplos.
Como quem (sem dizer), quer fazer crer que apenas as disputas reformistas, na arena e nos marcos da democracia-burguesa, vão educar o povo para todas as tarefas necessárias a tomada de Poder e a construção de um novo Bloco Histórico.
Caindo, uma vez mais, no abismo da 3ª via, da democracia-burguesa como valor universal, supra-histórico, imutável e intransponível na vida real da luta de classes e aí, tais correntes e lideranças, acabam vivendo e morrendo para construírem mandatos que serão vitais para conquista de ainda mais mandatos (fortalecendo todas as estruturas do Estado), que serão importantes, por sua vez, para acumular (prolongadamente e com calma...) forças, etc, para usar nos discursos sobre revolução em suas confrarias intelectuais e dias de festa.
Nesse contexto, o caso do Amapá salta aos olhos, pela riqueza de possibilidades e complexidade.
A conjuntura Tucuju deu mais que um giro nos últimos cinco anos, rodopiou! Da frente de esquerda de 2006 (que inaugurou o PSOL enquanto alternativa de esquerda no AP e reelegeu o mandato de vereador com Clécio Luis/APS); passando pela coligação democrático-popular com PSB dos Capiberibe em 2008 (que quase venceu a truculência de Sarney, Goes e Dalva); chegando ao cenário 2010 em que o PSB se agarrou ao PT, e o PTB, com aval do PCB acenam ao PSOL uma coligação tática e pragmática. Mas em nome de quem?
A despeito dos textos bem coesionados e até apaixonados do jornal da INTERSINDICAL para o CONCLAT, seus sindicatos no Pará, para citar o exemplo mais próximo, têm sido incapazes de construir relações concretas de solidariedade de classes, e de operar a política que preconizam em seus textos. Usam-nos – o movimento popular e juvenil das frentes de massa – apenas como volume político para passeatas e atos públicos, sem ter a coerência, como na recente greve do SINTEPP-PA, divulgada amplamente como vitoriosa, mas que iniciou e terminou sem incluir em sua pauta reivindicatória um único elemento externo às demandas economicistas da categoria dos educadores. E a juventude? O movimento popular?
O mandato – do senado - da APS no Pará tem servido, sobretudo, como têm sido historicamente, para que esta corrente se auto-construa, para com isso terem melhores condições de reproduzirem a si mesmos nas estruturas burguesas marajoaras, nada mais, o balanço de mais de 20 (vinte) anos de mandatos no Pará, incluindo a gestão de duas prefeituras (oito anos em Belém e quatro em Xinguara), e de mais de 15 (quinze) ano no Amapá, dizem muito a esse respeito.
É nesse contexto que a disputa eleitoral de 2010 aprofundará a depuração dentro do partido e na sociedade, os mandatos eleitos às espessas de coligações imundas, indefensáveis e capituladoras (já que se trata disto), seus dirigentes e organizações, serão testados pela concretude dialética dos fatos históricos. Saberemos em breve, pela analise infalível da práxis, a que(m) servirá os mandatos futuros, fruto de coligações escandalosas, se para encarniçar ainda mais as disputas hegemonistas intestinais no PSOL, ou se para criar, fortalecer e manter, ao menos desta vez, ferramentas de contra-poder popular, que sirvam para educar o povo no combate socialista e revolucionário.
É preciso que seja dito, que se a APS do Amapá se encontra num profundo isolamento (junto com o PSOL), se a sobrevivência de nosso partido e dessa organização depende exclusivamente da garantia de mandatos, independente da política de alianças e do conteúdo programático, é porque seus mandatos não serviram para que a APS construísse, consolidasse e mantivesse uma política conseqüente de fortalecimento dos movimentos sociais com enraizamento de massas.
Mas até quando? Quantas gerações de juventude serão desperdiçadas nos corredores enfadonhos de câmaras e gabinetes?
Cametá, margem esquerda do rio Tocantins, Amazônia paraense, 07 de julho de 2010.
José Pessoa Lobo
Direção Estadual do MTL – PA
Poder Popular – PSOL
osb: as charges foram copiadas de rebe
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