Aqui cheguei, nesta escarpa ora tépida, ora fervente, sempre encantada
onde enxergo minhas mãos vazias
Triunfo cálido!
Mutiladas, Viva, doam e semeiam
Òsanyin e Thoht meu sonho enleiam
e que o véu de Lopotéia proteja meu coração!
essa barca ainda errante que abandonou Tântalo e Loki e o ouro do Reno,
destroços de minhas cascas, cascos, conchas e crinas cavalgantes
Sob meus pés a rocha ocre me anima
Sobre as nuvens ladeio e traço o pico ao longe
no Sagrado onde devo chegar desde o obsceno
tantas nuvens mais altas vejo
tantas lascas nesse tronco atávico
tantas folhas, fios, frestas, fluem formando frenéticas fantasias
que ora dispo, rasgando a túnica dileta de minha infância
nessa jornada de ser e não ser empático
Vales e Casas e Pessoas inda mais distantes seguem
e já não sei se foram quem fui ou deixei
ou partes de mim que me querem estático
Aqui as fibras do Espírito do Tempo retesam minha voz
Diante delas silencio, calo, engulo o choro ainda atroz
renego o Esquecimento, saudando cada cicatriz
Os passos cravam no firmamento de cada sonho
e tanto quanto mais perto da margem me deixa o Caronte
tanto mais vezes sinto o sorriso do abutre radiante
e meu fígado renascido, pulsa inda mais feliz!
Sem paredes, os pensamentos vibram,
reverberam nas colunas dos princípios
e me preenchem, carinhosamente
e aquelas pequenas vozes, miragens e sombras
por mais que teçam algemas, emanem espinhos
já não mais me ferem
por isso sigo!
Nenhum comentário:
Postar um comentário