terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Ações Afirmativas para a Cultura



Resultado da III Conferência Nacional de Cultura – Brasília 2013*

Nós, ativistas da arte e da cultura negra, delegados, convidados e
observadores, e aliados brancos e indígenas, comprometidos com a construção
da equidade racial e de gênero no país, vimos a público expressar nossa
reflexão acerca da necessidade da adoção de ações afirmativas na busca de
fortalecimento econômico para garantir a vivência plena da cultura negra.

Ação afirmativa é uma iniciativa essencial de promoção da igualdade, é
cobrar de cada um o que cada um pode dar, e oferecer a cada um o que for de
sua necessidade. Assim, a decisão recente do STF robustecendo a
constitucionalidade das ações afirmativas como estratégia legítima e eficaz
de combate ao racismo e à discriminação racial alicerça nossa reivindicação
de recursos específicos para a arte e cultura negra no Brasil, como
estratégia de enfrentamento do racismo institucionalizado que a acha linda,
exótica, aberta e inclusiva, levada a termo por negros fortes, tenazes e
combativos que, por isso mesmo, não precisam de dinheiro, afinal, são
descendentes de escravizados e estão acostumados a “lutar sem reclamar.”

Nós, negros e indíos das vastas terras brasileiras temos uma aliança que
vem dos tempos dos primeiros quilombos, ainda no século XVII, quando os
irmãos indígenas, definidos como “negros da terra” pelo colonianismo que
também os escravizava, nos mostraram os atalhos e caminhos secretos, os
acidentes topográficos que dificultariam a chegada dos perseguidores
coloniais, para subir as serras e em seu topo enraizar os quilombos.

As mulheres negras e indígenas firmaram aliança de irmandade, porque
reconhecem a semelhança de sua luta de libertação, desde 2001, durante o
processo preparatório da III Conferência Mundial Contra o Racismo, ocorrida
em Durban, África do Sul.

A Cultura Negra, sempre acolheu os brancos, é só olhar para o carnaval, a
capoeira, as casas de asé e gunzo. Entretanto, a mesma sociedade que
desfruta de nossas manifestações culturais, não respaldam ações e políticas
que dividam recursos econômicos conosco.

O racismo engendra privilégios p

ara todas as pessoas brancas, sejam elas
racistas ou não. É o que a Sociologia tem caracterizado como branquitude. E
sabemos que é necessário ter muita coragem, determinação e firmeza de
caráter para abrir mão desses privilégios.

É uma conclamação que fazemos a todas as pessoas de boa vontade. Venham
conosco, ao nosso lado, pois à nossa frente estaremos nós mesmos! Pela
destinação de 20% dos recursos da Cultura para a arte e cultura afro
brasileira!! !!!!!!!!! !

Nenhum comentário:

Postar um comentário